Itanhaém - SP

Página da  Família

 

 

 

Os Deveres das Esposas – por Luciano Subirá

 

A mulher também tem deveres a cumprir no casamento. Suas responsabilidades matrimoniais incluem:

1. Ser ajudadora

2. Ser submissa

3. Ser administradora do lar

4. Ser amante

A ESPOSA DEVE SER AJUDADORA DE SEU MARIDO

Destacaremos, como primeiro dever da esposa, a responsabilidade de ser uma ajudadora de seu marido, uma vez que esta é a primeira menção que o próprio Criador faz acerca de seu papel no matrimônio:

“Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.” (Gênesis 2.18)

Isso não apenas reforça o fato de que a liderança do lar pertence ao homem na condição de cabeça, como também ressalta a importância da mulher no contexto matrimonial. Quando ensino (ou mesmo apenas comento) o fato do homem ser o cabeça do lar, lamentavelmente percebo que, aos olhos de alguns, tanto homens como mulheres, isso soa com um certo tom depreciativo, quase como se a mulher fosse uma mera espécie de “serviçal”. E o fato é que esta visão distorcida tem roubado não apenas aqueles que a possuem, como também ao seu próprio matrimônio! Creio que, ao definir a mulher como ajudadora, Deus não a estava rebaixando; pelo contrário, Ele estava justamente exaltando-a. Gosto de um termo que meu pai, ao pregar sobre família, usava em relação a este assunto; ele dizia que a mulher ocupa a função de “vice-presidente” do lar. Ou ainda, usando a analogia de um avião (onde agora escrevo este capítulo), ela poderia ser qualificada como “co-piloto” e não apenas como uma “comissária de bordo” (também não estou desmerecendo esta função, só destacando a distinção hierárquica que encontramos entre estas duas funções).

Ao reconhecer que o homem precisava de uma ajudadora, Deus definiu não apenas a incapacidade do homem de fazer tudo sozinho como também revelou que não havia ninguém mais qualificada para exercer este papel de ajudadora do que a mulher. Em outras palavras, Deus estava declarando que a mulher tem algo a oferecer para o andamento do lar que o homem não tem!

Estar sob um cabeça (uma autoridade) não desmerece ninguém! O marido tem como seu cabeça a Cristo e o próprio Cristo tem como cabeça a Deus Pai (1 Co 11.3) e, embora haja clara distinção na cadeia de comando e distribuição de tarefas entre a Trindade, nem Jesus e nem o Espírito Santo são apresentados como “menos-Deus” do que o Pai. Pelo contrário, a Bíblia os apresenta como um só Deus (Ef 4.4), assim como também diz que o marido e sua esposa são um.

Ajudando na tomada de decisões

Embora muitos maridos de “cabeça-dura” não entendam isto, Deus criou a mulher para ajudá-lo em tudo, até no governo do lar – obviamente não usurpando sua autoridade, mas contribuindo com a sugestão de bons conselhos. Precisamos desenvolver no lar a visão de equipe. Além da própria Trindade (modelo para nós nesta questão), vemos no Novo Testamento que as igrejas eram governadas pelos presbíteros (1 Tm 5.17) que compunham as equipes ministeriais; note o aspecto plural quando as Escrituras mencionam os presbíteros e você vai descobrir que ninguém estava no governo de uma igreja sozinho. Os lugares onde isto parece ter acontecido sempre demonstravam ter distorções (3 Jo 9). Contudo, vemos nos capítulos dois e três do livro de Apocalipse que, ao tratar com aquelas sete igrejas da Ásia, o Senhor Jesus se dirigia ao “anjo”, ao “mensageiro” da igreja. Este fato nos faz perceber que dentro de uma equipe ministerial há sempre o que chamamos de uma “voz maior”, alguém encarregado de uma responsabilidade maior (e que também será cobrado por Deus em um nível diferenciado). Em nossas igrejas, denominamos esta pessoa como o “presbítero-sênior”. Ele não governa sozinho, porque sabe que isto é contrário à sabedoria divina (Pv 18.1) que nos ensina que a sábia direção está na multidão de conselheiros” (Pv 11.14). Contudo, nenhum dos conselheiros podem usurpar sua autoridade e a responsabilidade de tomar a decisão correta será cobrada do líder, não de seus ajudadores.

Entendo que no casamento temos algo parecido. A visão bíblica do homem como cabeça do lar não é algo do tipo “o homem sabe tudo e a mulher fique de boca fechada”. Pelo contrário, a Palavra de Deus nos mostra claramente que o homem não está sempre certo, e precisa de conselhos (obviamente não de uma mulher que “tome as rédeas” do lar). Se Nabal tivesse ouvido sua mulher Abigail, não teria experimentado o fim trágico que teve por ser tão cabeça-dura (1 Sm 25.37,38). Penso que esta é a razão pela qual temos tantos exemplos bíblicos neste sentido que nos foram registrados.

Veja a questão de Pilatos, por exemplo. Tirando o fato de que a farsa de seu julgamento nos proporcionou o sacrifício de Cristo (o que nenhum de nós jamais achará ruim), vemos como Deus foi justo com ele. Sua mulher mandou-lhe um recado importantíssimo na hora do julgamento:

“E, estando ele no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas com esse justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito”.  (Mateus 27.19)

Aquele governador romano estava para cometer o que, talvez, possa ser chamada de a maior injustiça não só da história dos tribunais de Roma, mas de toda a humanidade (e em todos os tempos) e, ainda assim, Deus procura usar a esposa deste homem para adverti-lo! O fato dela dizer que sofreu nos sonhos, chamar Jesus Cristo de justo, pedir ao esposo que não se envolvesse, tudo me faz entender que ela recebeu uma advertência divina. Paulo diz aos coríntios que, se os poderosos deste mundo (o que é clara referência às autoridades judaicas e romanas) tivessem conhecido ao Senhor da Glória, jamais o teriam crucificado. Isso mostra que, mesmo a Escritura prevendo como estes homens errariam, não foi Deus quem os induziu a isto. Ao contrário, Ele até mesmo advertiu Pilatos quanto ao que ele estava por decidir.

Mas o ponto principal que destacar neste ocorrido é o seguinte: se a mulher aconselhar e advertir seu esposo, quanto a uma decisão a ser tomada, ela está errando? Ela está desrespeitando sua autoridade? É claro que não! Se fosse errado Deus não teria falado com ela! E há outros exemplos na Palavra de Deus sobre a mulher participar (com sua opinião e conselho) da decisão a ser tomada pelo marido. É o caso de Abraão e Sara, por exemplo. Na hora de tomar a decisão de mandar Agar e Ismael para longe de Isaque, o patriarca fica com o coração pesado e sua esposa o encoraja a tomar a decisão; então Deus fala com ele acerca do assunto:

“Disse, porém, Deus a Abraão: Não te pareça isso mal por causa do moço e por causa da tua serva; atende a Sara em tudo o que ela te disser; porque por Isaque será chamada a tua descendência”.  (Gênesis 21.12)

Ao dizer “atende a Sara em tudo o que ela te disser”, o Altíssimo, em outras palavras, estava dizendo a Abraão: “sua mulher está certa, está coberta de razão; e você deve ouvir seu sábio conselho”. Se fosse inaceitável que a mulher ajudasse ao marido, com sábios conselhos, quanto a tomar a decisão correta em seu governo do lar, você acredita que o Criador da família falaria assim com Abraão?

Isso não significa que a esposa tenha sempre a razão, da mesma forma como o marido também não tem, pois nenhum ser humano, em sua limitação e falibilidade, tem esta capacidade! O que estou dizendo é que há uma clara sinalização bíblica de que, no mínimo, a mulher possa opinar para ajudar seu marido nas escolhas. Falarei mais adiante acerca da importância do acordo entre o casal, mas aqui quero apenas destacar a participação da mulher como ajudante-conselheira do marido.

O papel de ajudadora da mulher é mais do que participar na distribuição de tarefas. Envolve também, além da função de conselheira, o aspecto de encorajadora. O marido não pode edificar seu lar sozinho, isso é algo muito claro na Palavra de Deus:

“A mulher sábia edifica a sua casa, mas a insensata, com as próprias mãos, a derriba”.  (Provérbios 14.1)

Algo que a mulher, na condição de ajudadora, deve entender é que ela tem uma grande capacidade de edificar ou derrubar sua casa (não o prédio onde moram, mas o lar). Infelizmente, algumas esposas não tem sabedoria alguma – nem reconhecem que deveriam estar buscando por sabedoria através de conselhos de pessoas mais experientes (Tt 2.3-5) e mediante oração (Tg 1.5).

Muitos maridos não recebem nenhum encorajamento e motivação para nada na vida por parte de suas esposas; elas são, mulheres insensatas que estão, aos poucos, levando seu lar abaixo! Por outro lado, a mulher sábia sempre ajudará na edificação do seu lar, fazendo jus ao célebre ditado: “por trás (eu prefiro a expressão ‘ao lado’) de um grande homem, sempre há uma grande mulher”. O que me faz lembrar a declaração de Matthew Henry: “A mulher foi feita de uma costela tirada do lado de Adão; não de sua cabeça para governar sobre ele, nem de seu pé para ser pisada por ele; mas de seu lado, para ser igual a ele, debaixo de seu braço para ser protegida, e perto de seu coração para ser amada.”

A ESPOSA DEVE SER SUBMISSA A SEU MARIDO

Um dos deveres claramente abordados na Palavra de Deus é o de que a esposa deve submeter-se ao seu marido. E isto envolve mais do que respeito, reflete o entendimento de governo do lar e da cadeia de comando estabelecida pelo Senhor:

“As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido.” (Efésios 5.22-24)

A expressão “cabeça” aponta para a questão da liderança. E nós, que tememos a Deus e sabemos que devemos andar na Sua Palavra, não podemos nos amoldar aos valores mundanos de nossos dias de que não há distinção entre o homem e a mulher no casamento. Há uma forma correta de andar no Senhor:

“Esposas, sede submissas ao próprio marido, como convém no Senhor”. (Colossenses 3.18)

É lógico que, do ponto de vista do valor que cada um de nós tem aos olhos de Deus, não há distinção alguma entre homem e mulher (Gl 3.28). Entretanto, as autoridades foram instituídas por Deus (Rm 13.1) e devemos respeitá-las! E isto não significa que, diante de Deus, as autoridades sejam pessoas de maior valor. Significa apenas que, em matéria de governo, elas estão numa posição diferenciada das demais (que são tão valiosas aos olhos de Deus como as que estão investidas de autoridade).

E, em matéria de governo do lar, o homem é e será sempre o cabeça, não a mulher. Esta ordem na cadeia de comando nunca pode ser quebrada. O apóstolo Paulo ensinava e determinava que a mulher não exercesse autoridade sobre o marido:

“A mulher deve aprender em silêncio, com toda a sujeição. Não permito que a mulher ensine, nem que tenha autoridade sobre o homem. Esteja, porém, em silêncio”. (1 Timóteo 2.11,12 – NVI)

Apesar da Versão Revista e Atualizada de Almeida apresentar a frase “não permito que a mulher exerça autoridade DE homem”, dando a entender que só o homem pode fazer isto, as versões em português NVI (Nova Versão Internacional), as versões de Almeida REVISADA (IBB) e CORRIGIDA (SBB), a versão espanhola de Reina Valera, a versão italiana de Giovanni Diodati, as versões inglesas King James, American Standard, Webster e várias outras enfatizam a mulher não poder exercer autoridade SOBRE o marido, o que permite que as mulheres ensinem e exerçam autoridade sobre os que não são seus maridos. Se a mulher nunca pudesse ensinar ou exercer autoridade sobre nenhum homem, seria contraditório o que a Bíblia revela acerca de Débora, profetiza e que foi juíza em Israel.

Entendemos que a afirmação de Paulo a Timóteo significa, portanto, que em hipótese alguma, nem mesmo no exercício do ministério, a mulher pode usurpar a autoridade do marido – que é o cabeça do lar. Esta é a razão pela qual, ainda que eu creia no ministério das mulheres e as reconheça no pastorado, NUNCA, em nosso ministério estabelecemos uma mulher com autoridade pastoral sem que o marido também o seja estabelecido. Não é bíblico, nem mesmo na Igreja, estabelecer uma mulher em posição de autoridade sobre seu esposo!

Mesmo se o marido não é cristão, o apóstolo Pedro ainda o reconhece como cabeça do lar, a quem a mulher deve ser submissa (assim como os homens devem se submeter aos governantes mesmo que eles não sejam cristãos):

“Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa.”  (1 Pedro 3.1)

Penso que a palavra submissão deva ser melhor entendida. A palavra “submissão” que foi traduzida do original grego é “hupotasso”, e significa: 1) organizar sob, subordinar; 2) sujeitar, colocar em sujeição; 3) sujeitar-se, obedecer; 4) submeter ao controle de alguém; 5) render-se à admoestação ou conselho de alguém; 6) obedecer, estar sujeito. E, de acordo com o Léxico de Strong, ainda há uma importante observação acerca do uso desta palavra na época: “Um termo militar grego que significa ‘organizar [divisões de tropa] numa forma militar sob o comando de um líder’. Em uso não militar, era ‘uma atitude voluntária de ceder, cooperar, assumir responsabilidade, e levar um carga’.”

Quando olhamos para o conceito da palavra submissão, pode parecer exagerado e até assustador (mais para as mulheres do que para os homens). Mas devemos lembrar que a mulher deve se sujeitar ao marido como a Igreja se sujeita à Cristo (Ef 5.22-24). Em contrapartida, o marido deve governar e exercer sua autoridade como Cristo! E quando olhamos para a liderança de Jesus não vemos uma atitude de domínio, mas uma liderança servidora. Assim como Pedro advertiu os presbíteros a não serem dominadores do povo que governam (1 Pe 5.3), entendo que também o marido não deve ser um controlador. Autoridade é liderança funcional, não domínio (já detalhamos isto no capítulo anterior).

No entanto, mesmo que o marido não levante um cetro de domínio em sua casa, sua autoridade deve ser respeitada. Paulo advertiu que quem resiste à autoridade traz sobre si condenação (Rm 13.2). Assim como os filhos devem honra aos pais, e isto traz bênçãos sobre suas vidas (Ef 6.1-3), também a esposa deve respeito ao seu marido (Ef 5.33) e isto também trará bênçãos sobre sua vida!

A MULHER DEVE SER ADMINISTRADORA DO LAR

Nesta parceria do casamento temos o homem como cabeça e a mulher como sua ajudadora. Isto significa não apenas o auxilio da esposa por meio de conselhos, como também envolve distribuição de tarefas a cada um dos cônjuges. O fato do homem ser o responsável pelas decisões não significa que ele tenha que centralizar as tarefas. Algumas delas são claramente designadas às mulheres. Por exemplo, de quem é a responsabilidade de administrar o lar?

A Bíblia refere-se às mulheres como “donas de casa”; encontramos este tipo de afirmação tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento. A viúva que hospedou Elias foi chamada assim (1 Re 17.17) e na epístola de Paulo a Tito, as mulheres, de forma generalizada também são assim denominadas (Tt 2.5). Isto não quer dizer que a casa seja só delas, mas que o dever e a responsabilidade do cuidado e condução do lar (com suas tarefas) pertence à esposa.

Encontramos textos bíblicos que falam do homem cuidando dos “trabalhos de fora” (Pv 24.27), que na época envolviam a lavoura, a caça e os negócios a serem feitos. É por isso que a mulher adúltera mencionada no Livro de Provérbios refere-se ao marido que foi viajar (Pv 7.19,20), porque isto era dever do homem e não da mulher. E quem cuidava da casa e dos filhos na ausência do marido (que tem como um dos seus deveres ser o provedor do lar) era a mulher.

O trabalho da mulher sempre foi uma parceria com o homem. Ele caça e pesca, ela cozinha. Ele apascenta o rebanho e ela cuida da tosquia e de recolher o leite. Ele colhe o fruto da terra e ela prepara. Ele traz tecido ou couro e ela confecciona as roupas. Os detalhes da economia, do funcionamento da industria e do ganho do pão diário mudaram muito, mas a ideia divina de parceria permanece a mesma!

O Livro de Provérbios apresenta uma mulher que conduz com maestria a administração de seu lar:

“Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de finas jóias. O coração do seu marido confia nela, e não haverá falta de ganho. Ela lhe faz bem e não mal, todos os dias da sua vida. Busca lã e linho e de bom grado trabalha com as mãos. É como o navio mercante: de longe traz o seu pão. É ainda noite, e já se levanta, e dá mantimento à sua casa e a tarefa às suas servas. Examina uma propriedade e adquire-a; planta uma vinha com as rendas do seu trabalho. Cinge os lombos de força e fortalece os braços. Ela percebe que o seu ganho é bom; a sua lâmpada não se apaga de noite. Estende as mãos ao fuso, mãos que pegam na roca. Abre a mão ao aflito; e ainda a estende ao necessitado. No tocante à sua casa, não teme a neve, pois todos andam vestidos de lã escarlate. Faz para si cobertas, veste-se de linho fino e de púrpura. Seu marido é estimado entre os juízes, quando se assenta com os anciãos da terra. Ela faz roupas de linho fino, e vende-as, e dá cintas aos mercadores. A força e a dignidade são os seus vestidos, e, quanto ao dia de amanhã, não tem preocupações. Fala com sabedoria, e a instrução da bondade está na sua língua. Atende ao bom andamento da sua casa e não come o pão da preguiça”. (Provérbios 31.10-27)

Penso que a frase “atende ao bom andamento da sua casa” deixa muito claro este papel da administração do lar. Fico cansado só de ler esta lista de trabalho! É por isso que o texto diz acerca da mulher virtuosa: “e não come o pão da preguiça”. O trabalho do lar não é leve e nem tampouco insignificante. Não é tarefa para alguém despreparada. Se a mulher ajudar o marido na administração financeira, certamente fará com os ganhos familiares se multipliquem!

A mulher ser boa dona de casa é algo que se aprende. E também era parte da mensagem pregada pela Igreja do Senhor Jesus desde o seu início:

“Quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito vinho; sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao marido e a seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada”. (Tito 2.3-5)

Alguns grupos cristãos são contrários à ideia das mulheres trabalharem fora. Não estou advogando isto, em hipótese alguma. A parceria de trabalho do casal, que apresentamos há pouco, mostra as mulheres desempenhando tarefas de alta responsabilidade e, com a mudança de configuração atual do modelo de trabalho e sustento, é justo que o envolvimento da mulher num mercado de trabalho também mude. Por exemplo, é evidente que elas já não tecem com as mãos toda a roupa da casa!

Penso que a questão a ser abordada não é a esposa trabalhar ou não fora, e sim se o fato de trabalhar fora irá interferir em seus deveres como esposa (e mãe). Ao falar sobre o dever dos maridos, como provedores do lar, comentei que há muitas situações em que a mulher também trabalha fora e coopera com o sustento da casa. Não creio que isto seja errado desde que o cuidado do marido e dos filhos não seja comprometido (o que, infelizmente, não tem acontecido com muitos casais que trabalham fora).

Quando Kelly e eu nos casamos, ela cursava a faculdade pelas manhãs, trabalhava às tardes e me ajudava no ministério às noites. E é lógico que eu, por outro lado, a auxiliava nas tarefas do lar, limpando a casa, fazendo compras, cozinhando (muito pouco), lavando a louça e as roupas (a exceção ficava por conta de passar a roupa que, antes de casar, prometi a ela só fazer em situações de extrema emergência). Acredito que se é correto a mulher ajudar o marido a trazer o sustento para o lar, também é correto que o marido a auxilie com os filhos e as tarefas da casa. Embora vale ressaltar que nossos acordos nesta distribuição de tarefas sempre se ajustou em períodos em que pudemos contratar alguém para trabalhar em nossa casa ajudando-nos principalmente com as questões da limpeza.

Porém, quando nossos filhos nasceram, ajustamos algumas coisas para que a Kelly não negligenciasse seu papel de mãe (o que ela sempre fez fantasticamente bem); ela concluiu seus estudos e passou a trabalhar somente às tardes e sair bem menos do que antes às noites. Como minha esposa é pedagoga e trabalhava sempre no horário em que matriculamos as crianças na escola, seu tempo fora de casa nunca interferiu no cuidado das crianças (aliás as crianças só estudavam na escola em que ela trabalhava, portanto sempre estavam indo e voltando juntos). Mesmo hoje, no ministério em tempo integral, salvo raras exceções, a Kelly dedica as manhãs para os filhos e a casa.

A MULHER DEVE SER AMANTE DE SEU MARIDO

Na Lei de Moisés houve permissão tanto para o divórcio como para a poligamia (embora esta permissão envolvia o curioso fato de um homem ter mais de uma esposa mas nunca uma esposa ter mais de um marido). Porém, já vimos que Jesus declarou que Moisés permitiu estas coisas pela dureza do coração do homem e enfatizou que não foi assim no começo (nem seria mais assim a partir de então). O fato é que quando Deus criou Adão o presenteou com uma única esposa.

O plano divino é que cada marido tenha sua esposa e que casa esposa tenha seu marido, pois o que foge disto é prostituição (1 Co 7.1,2). Porém, vale destacar que, justamente depois de estabelecer este fundamento de monogamia (e derrubar a prática da poligamia mostrando ser ela nada menos que prostituição), o apóstolo Paulo ensina uma das coisas mais importantes para proteger o matrimônio (agora do adultério, outra forma de impureza): uma vida sexual saudável, com fidelidade e também com intensidade – com qualidade e também com quantidade!

Falarei mais adiante (em dois capítulos) sobre este dever conjugal do sexo. Mas quero deixar aqui uma palavra de advertência às esposas. É claro que, sempre que generalizamos, acabamos sendo injustos com alguns. Mas, se o conselho serve para a maioria, deve ser dito. Se não servir para você, pessoalmente, pode ao menos ajuda-lo a entender e ajudar os outros. O recado é o seguinte: muitas mulheres (cristãs) estão “empurrando” seus maridos (cristãos) para o adultério! Paulo declarou algo importante sobre a intensidade e frequência do ato conjugal que muitos casais não tem dado atenção:

“Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e, novamente, vos ajuntardes, para que Satanás não vos tente por causa da incontinência.” (1 Coríntios 7.5)

Deus mandou suprir esta necessidade de seu cônjuge, não mandou você boicotá-lo! Negligenciar a intimidade é dar brecha para que o inimigo entre num casamento. Mas muitas mulheres acham que devem decidir se o marido merece o momento de intimidade… Sexo é dever, é dívida! Se fluir em amor e romantismo, melhor. Se não, com o perdão da expressão, que seja o cumprimento do dever!

Deixe-me dizer-lhe uma coisa: muitas mulheres que acham que o sexo deve ser uma recompensa ao comportamento do marido estão, na verdade, se prostituindo. Sei que isto parece muito chocante para algumas irmãs, mas deixe-me expor o raciocínio antes de você se defender. Ao agir assim, estas esposas estão se vendendo em troca de um presente, de um favor, de uma atitude… Pode não ser por dinheiro, mas elas estão se vendendo! O sexo não é um negócio, mesmo que a “moeda” de troca seja emocional. Não pode ser fruto de uma mentalidade sanguessuga; é uma entrega, é uma expressão de amor (sacrificial, se for o caso), é uma doação – não uma venda (pois a partir do momento que tem haver algum tipo de pagamento, ainda que emocional, tornou-se uma venda).

Sei que há exceções, mas via de regra, as mulheres se omitem mais nesta área do que os homens. A explicação pode ser só natural, como diz o casal australiano Alan e Bárbara Pease (“Porque os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor” – Editora Sextante) que afirmam o hipotálamo (região neurológica ligada ao apetite sexual) do homem chega, em alguns casos, a ser dez vezes mais desenvolvido que o da mulher.

De qualquer forma, independentemente de ser homem ou mulher, ou mesmo de qual seja o “ritmo” de cada um, a frequência da vida sexual deveria ser determinada não pelo seu próprio desejo, e sim pela necessidade de seu cônjuge. Lembrando também de outro valor bíblico:

“A alma farta pisa o favo de mel, mas à alma faminta todo amargo é doce.”  (Provérbios 27.7)

Se você mantém seu cônjuge saciado, suprido, pode surgir as mais tentadoras propostas de infidelidade e ele certamente vai pisá-las. Entretanto, para aquele que não tem sido suprido, qualquer oportunidade de pecado que surgir, e digo qualquer mesmo, pode ser muito atraente e sedutora!

A palavra hebraica traduzida para a alma “farta” é “ebs”, e significa: “saciado, satisfeito, empanturrado, farto”. A mulher deve proteger seu marido de outras mulheres e da tentação maligna não só orando por ele, mas servindo-o muito bem nesta área.

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Autor: Luciano P. Subirá. - Comunidade Alcance

 

 

Os Deveres dos Maridos – por Luciano Subirá

 

Tanto o homem como a mulher receberam de Deus atribuições para a vida familiar – algumas iguais, algumas diferentes. Por exemplo, ao criar a mulher para ser uma ajudadora do seu marido (Gn 2.18), o Pai Celeste definiu o papel do homem como cabeça (ou governo) do lar; e é justamente por este aspecto que queremos começar abordando os deveres do marido.

Também encontramos nas Escrituras ordens claras sobre a responsabilidade do marido de amar (honrar) sua esposa (Ef 5.25) e, o que separamos como um papel ainda distinto, ser amante (físico) de sua mulher (1 Co 7.3-5). Entendemos ainda que, quando criou o homem e o estabeleceu no Éden, o Senhor deu-lhe duas distintas funções: lavrar e guardar o jardim (Gn 2.15). Logo, mesmo antes de criar a mulher e estabelecer a família (que já existiam em seu propósito eterno), o Criador definiu o papel do homem como provedor e protetor de sua futura família.

Portanto, os cinco principais deveres do marido – de procurar agradar e fazer feliz sua mulher, são:

1. Ser o cabeça do lar;

2. Amar sua esposa;

3. Ser amante (sexual) de sua esposa;

4. Ser provedor;

5. Ser protetor.

O MARIDO DEVE SER O CABEÇA DO LAR

Alguns homens, erroneamente interpretam sua função de cabeça do lar como uma posição em que os outros (principalmente sua própria esposa) devem reconhecê-lo. Mas quando falamos dos deveres dos maridos, queremos enfatizar o papel que ele, o homem da casa, deve cumprir.

É lógico que parte dos deveres da esposa é reconhecer e submeter-se a esta posição do marido, mas há alguns homens que querem que outros reconheçam neles um encargo que eles mesmo nunca assumiram! A negligência de muitos esposos “empurram” suas mulheres a assumirem deveres e funções que não pertencem a elas, e no fim muitos deles ainda reclamam de alguém ter “usurpado” sua posição! Portanto, repito, o propósito deste ensino é ajudar os maridos a entenderem o que eles precisam fazer quanto à responsabilidade de governo que lhes foi dada pelo Senhor.

“Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo”. (1 Coríntios 11.3)

A importância do assunto é destacada na expressão usada pelo apóstolo: “quero que saibais que”… Não podemos ignorar os princípios divinos para o funcionamento da família! E um deles é o homem como governo de seu lar:

“Porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo”. (Efésios 5.23)

É claro que assumir a função de cabeça do lar também exigirá que o marido venha a saberCOMO fazer isto. Falaremos sobre esta questão depois de definir qual é o nível de autoridade que o Senhor determinou que o homem exercesse em sua própria casa.

Qual é a autoridade do marido sobre a sua esposa?

Há uma verdade bíblica que tem sido pouco compreendida por muitos casais cristãos. Trata-se da questão da autoridade do homem sobre sua própria casa, começando pela relação marido e mulher (este é o primeiro nível vivido antes – e depois – da chegada dos filhos). A Palavra de Deus nos mostra claramente que a mulher, enquanto na condição de filha, estava sob a autoridade de seu pai. Esta autoridade dava ao pai o direito de validar (ou não) o voto que sua filha fazia ao Senhor:

“Falou Moisés aos cabeças das tribos dos filhos de Israel, dizendo: Esta é a palavra que o Senhor ordenou: Quando um homem fizer voto ao Senhor ou juramento para obrigar-se a alguma abstinência, não violará a sua palavra; segundo tudo o que prometeu, fará. Quando, porém, uma mulher fizer voto ao Senhor ou se obrigar a alguma abstinência, estando em casa de seu pai, na sua mocidade, e seu pai, sabendo do voto e da abstinência a que ela se obrigou, calar-se para com ela, todos os seus votos serão válidos; terá de observar toda a abstinência a que se obrigou. Mas, se o pai, no dia em que tal souber, o desaprovar, não será válido nenhum dos votos dela, nem lhe será preciso observar a abstinência a que se obrigou; o Senhor lhe perdoará, porque o pai dela a isso se opôs”. (Números 30.1-5)

Agora perceba, na continuação da instrução divina sobre a questão dos votos, no texto bíblico, que o homem, ao casar-se, assume diante de Deus exatamente a mesma autoridade que o pai tinha sobre sua filha quando esta ainda vivia, como solteira, em sua casa. Ao casar-se, o marido passava então a ter a mesma autoridade de validar (ou não) os votos de sua esposa:

“Porém, se ela se casar, ainda sob seus votos ou dito irrefletido dos seus lábios, com que a si mesma se obrigou, e seu marido, ouvindo-o, calar-se para com ela no dia em que o ouvir, serão válidos os votos dela, e lhe será preciso observar a abstinência a que se obrigou. Mas, se seu marido o desaprovar no dia em que o ouvir e anular o voto que estava sobre ela, como também o dito irrefletido dos seus lábios, com que a si mesma se obrigou, o Senhor lho perdoará. No tocante ao voto da viúva ou da divorciada, tudo com que se obrigar lhe será válido. Porém, se fez voto na casa de seu marido ou com juramento se obrigou a alguma abstinência e seu marido o soube, e se calou para com ela, e lho não desaprovou, todos os votos dela serão válidos; e lhe será preciso observar toda a abstinência a que a si mesma se obrigou. Porém, se seu marido lhos anulou no dia em que o soube, tudo quanto saiu dos lábios dela, quer dos seus votos, quer da abstinência a que a si mesma se obrigou, não será válido; seu marido lhos anulou, e o Senhor perdoará a ela. Todo voto e todo juramento com que ela se obrigou, para afligir a sua alma, seu marido pode confirmar ou anular. Porém, se seu marido, dia após dia, se calar para com ela, então, confirma todos os votos dela e tudo aquilo a que ela se obrigou, porquanto se calou para com ela no dia em que o soube. Porém, se lhos anular depois de os ter ouvido, responderá pela obrigação dela.”. (Números 30.6-15)

Num dia destes, depois de realizar uma cerimônia de casamento, minha filha Lissa, com apenas nove anos na ocasião, perguntou-me porque que, em nossa cultura, é o pai que entra com a noiva para entregá-la ao noivo. Respondi a ela que o casamento é o momento em que os filhos deixam pai e mãe para unirem-se através da aliança matrimonial e formarem sua própria família. Também aproveitei para ensinar a ela que, no momento em que o pai está entregando sua filha ao noivo, a autoridade que o pai tinha sobre sua filha está sendo transferida ao marido. Estas verdades não precisam ser ensinadas somente aos maridos (e depois do casamento); deveríamos ensinar isto aos nossos filhos desde a infância, preparando-os para o relacionamento mais importante que um dia virão a ter.

Quando as mulheres ouvem falar de submissão ao marido só depois de serem adultas, provavelmente vão reagir de forma contrária ao conceito que parece ser de domínio ou controle, quando na verdade retrata proteção. A Lissa sabe que ter um pai que é seu protetor, provedor, líder e que não abusa da autoridade que tem é uma grande bênção! E desde sua infância ela está sendo preparada para que um dia esta autoridade (abençoadora e não-abusiva) do pai seja transferida ao seu marido na ocasião do casamento.

Autoridade x Autoritarismo

A Bíblia faz uma clara distinção entre a autoridade e o autoritarismo, que podemos definir como sendo o uso errado (ou abuso) da autoridade. Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, autoritário é alguém “que se firma numa autoridade forte, ditatorial; dominador, impositivo”.

Assim como Deus é o cabeça de Cristo e Cristo o cabeça do homem (1 Co 11.3), com o exercício de uma autoridade abençoadora e não dominadora ou ditatorial, assim também deve ser o exercício da autoridade do marido no lar. O Senhor Jesus ensinou-nos que os valores do Reino de Deus são diferentes dos valores deste sistema mundano e dos da nossa inclinação carnal. Ele claramente advertiu-nos a não buscar dominar aos outros e nem tampouco usarmos de autoridade para sermos servidos; pelo contrário, Ele nos ensinou a exercer uma liderança servidora:

“Mas Jesus, chamando-os para junto de si, disse-lhes: Sabeis que os que são considerados governadores dos povos têm-nos sob seu domínio, e sobre eles os seus maiorais exercem autoridade. Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos. Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. (Marcos 10.42-45)

Portanto, o principal papel do homem como cabeça do lar é servir sua mulher (e depois – e também – aos seus filhos). Claro que isto envolve dar direção e tomar decisões, só não envolve abuso, tirania e falta de respeito. Quando Pedro escreveu aos presbíteros, que eram os líderes responsáveis pelo governo das igrejas locais (1 Tm 5.17), mostrou como deveriam exercer a autoridade que Deus lhes confiou:

“Nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho”. (1 Pedro 5.3)

Governar não é dominar, é conduzir por meio de respeito (não de mera imposição). Alguns maridos não entendem a posição dada por Deus à mulher de ajudadora (falaremos mais sobre isso adiante) e agem como se elas não devessem dar opinião alguma sobre nada. A verdade é que o homem deve aprender a ouvir sua esposa e que, o próprio Deus, certa ocasião teve que orientar a Abraão, o pai da fé, a fazer isso:

“ Disse, porém, Deus a Abraão: Não te pareça isso mal por causa do moço e por causa da tua serva; atende a Sara em tudo o que ela te disser; porque por Isaque será chamada a tua descendência”. (Gênesis 21.12)

Se ser o cabeça do lar envolvesse tomar decisões sozinho, sem consultar a esposa, Deus jamais teria trazido esta orientação! Falaremos mais sobre isto ao falar dos deveres das esposas, que envolve ser uma ajudadora.

O governo espiritual do lar

Ser o cabeça do lar envolve conduzir não apenas as questões naturais da vida familiar, mas também (e principalmente) o governo espiritual do lar. Ao falar sobre as qualificações necessárias para quem deseja o episcopado, o apóstolo Paulo fala sobre a importância de, antes de desejar governar a casa de Deus, governar bem a própria casa:

“E que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?”. (1 Timóteo 3.3,4)

Ao dar as mesmas orientações a Tito, o apóstolo deixa claro que os filhos não devem apenas ser bem educados por seus pais, mas devem ser crentes! Esta característica revela uma família que é governada espiritualmente:

“Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi: alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados”. (Tito 1.5,6)

O chefe de família deve conduzir sua casa no temor do Senhor. Isto não é missão apenas de um candidato ao ministério, mas de todo cristão! Porque o ministro deve servir de exemplo, dele é requerido o modelo que os demais cristãos devem seguir (1 Tm 4.11). Preparei um capítulo, dentro desta seção, intitulado “A Vida Espiritual da Família”, onde detalho esta questão do governo espiritual do lar. Portanto, aqui faremos apenas menção deste aspecto do dever do marido de governar, também no quesito espiritual, a sua família.

O “espírito de Jezabel”

Há um espírito (leia-se “atitude” ou “comportamento” – embora eu creia que há, de fato, um espírito maligno que instiga esta forma de agir) que tem trazido muita destruição nos matrimônios – e também nas igrejas – que quero chamar de “espírito de Jezabel”.

A razão de assim denominá-lo é porque vejo que, na carta à igreja de Tiatira, o próprio Senhor Jesus também o fez. Na carta à igreja de Pérgamo ele menciona o conselho de Balaão (Ap 2.14) e o quanto isto foi nocivo a Israel. Ao referir-se a esta mulher como Jezabel, penso que Ele não falava de seu nome literal, mas de como a sua atitude reproduzia o comportamento de uma das mais abomináveis personagens na narrativa bíblica.

“Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos”. (Apocalipse 2.20)

Jezabel, na Bíblia, é um “modelo” que não deve ser seguido – tanto na questão do governo do lar como na vida espiritual:

“Ninguém houve, pois, como Acabe, que se vendeu para fazer o que era mau perante o Senhor, porque Jezabel, sua mulher, o instigava”. (1 Reis 21.25)

O rei Acabe, do ponto de vista espiritual, foi um dos piores reis que Israel teve. Mas ninguém conseguiu ser pior do que ele em algo: “se vender para fazer o que era mau perante o Senhor”. Entendo, com esta expressão “se vender” que Acabe tinha valores que sabia que estava rompendo. Ele não estava apenas na ignorância e cegueira espiritual. Acabe se vendeu diante da pressão de Jezabel e de suas propostas. Ela, além de dominante, era manipuladora. Basta ver o ocorrido no assassinato de Nabote:

“Então Acabe veio para sua casa, desgostoso e indignado, por causa da palavra que Nabote, o jizreelita, lhe falara; pois este lhe dissera: Não te darei a herança de meus pais. Tendo-se deitado na sua cama, virou a rosto, e não quis comer. Mas, vindo a ele Jezabel, sua mulher, lhe disse: Por que está o teu espírito tão desgostoso que não queres comer? Ele lhe respondeu: Porque falei a Nabote, o jizreelita, e lhe disse: Dá-me a tua vinha por dinheiro; ou, se te apraz, te darei outra vinha em seu lugar. Ele, porém, disse: Não te darei a minha vinha. Ao que Jezabel, sua mulher, lhe disse: Governas tu agora no reino de Israel? Levanta-te, come, e alegre-se o teu coração; eu te darei a vinha de Nabote, o jizreelita.” (1 Reis 21.4-7)

Na verdade, há momentos em que Acabe parecia um menino mimado e Jezabel age como se fosse sua mãe. A pergunta que ela faz “Governas tu agora no reino de Israel?” significa mais ou menos o seguinte: “quem é que manda aqui? Nabote ou você?”. Mas a atitude dela de resolver a situação expressa a seguinte mensagem: “se você não é homem para resolver isto, deixa que eu faço isto por você”… E 1 Reis 21.8-14 narra como Jezabel ordena que um falso testemunho seja levantado contra Nabote para que ele seja apedrejado e, depois de morto, sua vinha fosse confiscada. Jezabel é o exemplo de uma mulher dominante, manipuladora e instigadora que controlou a vida de seu marido, levando-o para longe de Deus e de Sua Palavra.

Não se deixar manipular

Apesar de inicialmente falar de uma mulher específica, Jezabel, a abordagem bíblica sempre foi clara no sentido de que o homem tome cuidado e não se deixe manipular por mulher alguma. A mulher não precisa gritar ou tentar convencer o homem a fazer algo à força. Não creio que Eva precisou de nada disto para convencer Adão a comer do fruto proibido. As mulheres tem seu charme, suas habilidades de persuasão e influência e, várias vezes vemos exemplos disto na narrativa bíblica:

“Para que não faças aliança com os moradores da terra; não suceda que, em se prostituindo eles com os deuses e lhes sacrificando, alguém te convide, e comas dos seus sacrifícios e tomes mulheres das suas filhas para os teus filhos, e suas filhas, prostituindo-se com seus deuses, façam que também os teus filhos se prostituam com seus deuses”. (Êxodo 34.15,16)

O Senhor Deus trouxe estas advertências porque sabia muito bem que isto iria acontecer. Como ocorreu várias vezes na história de Israel; o exemplo clássico se deu sob o o que é chamado de “o conselho de Balaão” (Nm 31.16):

“Habitando Israel em Sitim, começou o povo a prostituir-se com as filhas dos moabitas. Estas convidaram o povo aos sacrifícios dos seus deuses; e o povo comeu e inclinou-se aos deuses delas”. (Números 25.1,2)

Podemos olhar para a vida de Sansão e perceber que, embora homem algum pudesse “dobrá-lo” à força, as mulheres faziam isto com uma simples frase de chantagem emocional: “Ah, você não me ama! Se me amasse não faria assim”… Veja o exemplo do ocorrido, primeiro com a mulher filistéia com a qual ele se casou e, depois, com Dalila:

“Ao sétimo dia, disseram à mulher de Sansão: Persuade a teu marido que nos declare o enigma, para que não queimemos a ti e a casa de teu pai. Convidastes-nos para vos apossardes do que é nosso, não é assim? A mulher de Sansão chorou diante dele e disse: Tão-somente me aborreces e não me amas; pois deste aos meus patrícios um enigma a decifrar e ainda não mo declaraste a mim. E ele lhe disse: Nem a meu pai nem a minha mãe o declarei e to declararia a ti? Ela chorava diante dele os sete dias em que celebravam as bodas; ao sétimo dia, lhe declarou, porquanto o importunava; então, ela declarou o enigma aos seus patrícios”. (Juízes 14.15-17)

“Então, ela lhe disse: Como dizes que me amas, se não está comigo o teu coração? Já três vezes zombaste de mim e ainda não me declaraste em que consiste a tua grande força. Importunando-o ela todos os dias com as suas palavras e molestando-o, apoderou-se da alma dele uma impaciência de matar. Descobriu-lhe todo o coração e lhe disse: Nunca subiu navalha à minha cabeça, porque sou nazireu de Deus, desde o ventre de minha mãe; se vier a ser rapado, ir-se-á de mim a minha força, e me enfraquecerei e serei como qualquer outro homem”. (Juízes 16.15-17)

A frase “se você me amasse não agiria assim” teve mais força sobre Sansão do que toda força física que o Senhor pudesse ter manifestado em sua vida. O homem tem o dever primário de assumir o governo do lar sem se deixar ser manipulado. É lógico que, parte da função de ajudadora da mulher é auxiliar o marido a tomar decisões com bons conselhos. Mas toda tentativa de controle e manipulação deve ser firmemente resistida!

O HOMEM DEVE AMAR A SUA ESPOSA

O primeiro conceito que quero abordar aqui é que amar é mais do que sentir algo. É decidir doar-se! Se o amor (em especial o conjugal) fosse algo meramente espontâneo – como é o conceito de paixão que muitos possuem – não haveria a necessidade de recebermos uma ordem divina acerca de amar a esposa. Se Deus ordenou (e então somos obrigados a obedecer) amar é porque podemos fazer isto por escolha, por decisão. Gosto de uma declaração de John Stott que exprime bem isto: “O amor cristão não é vítima de nossas emoções, mas servo de nossa vontade.”

Eis o mandamento divino:

“Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra”. (Efésios 5.25)

Observe que o padrão estabelecido por Deus é de que o marido não apenas ame a sua esposa, mas faça isto dentro do mais alto padrão de entrega: “como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela”. Portanto, para entender como o homem deve amar a sua esposa, é necessário refletir sobre o modo como Cristo amou a Igreja.

Em primeiro lugar, e destacando a ideia de que o amor é mais do que um sentimento involuntário, é importante lembrar em que condição Jesus amou a Sua Igreja. Nós não O amávamos; as Escrituras declaram que hoje “nós o amamos porque ele nos amou primeiro” (1 Jo 4.19). Nosso amor é uma retribuição ao amor d’Ele, e não o contrário. Na verdade, a Palavra de Deus ressalta que fomos amados por Ele quando ainda éramos seus inimigos (Rm 5.8-10)! Portanto, o marido não deve apenas amar a sua esposa se ela estiver demonstrando grande afeto ou paixão por ele ou somente se ela estiver sendo uma “boa esposa”. Ele decide amar e a “conquista” com seu amor!

A Bíblia diz que a fé opera pelo amor (Gl 5.6). O amor nos faz enxergar o que a pessoa ainda não é – o que ela se tornará como fruto de todo investimento de amor feito. Foi exatamente isto que Jesus fez por nós e este é o padrão que devemos repetir. Por conta deste inquestionável princípio bíblico, concordo com o que Charles Stanley disse: “Quando um homem ama sua esposa corretamente ela se torna mais do que ele sonhou e muito além do que ele merece.”

Em segundo lugar, o texto bíblico diz que Jesus “a si mesmo se entregou por ela”. O amor, portanto, é uma entrega sacrificial, uma doação de si mesmo! Este é o conceito bíblico do amor. Jean Anouilh afirmou: “O amor é, acima de tudo, a doação de si mesmo”. Porém, as Sagradas Escrituras já ensinavam esta verdade muito tempo antes…

O bem de quem amamos deve ser promovido ainda que em detrimento de nós mesmos. Isto é amor sacrificial. É dar atenção mesmo quando cansado. É abrir mão de algo importante em favor do cônjuge. É agradar ao outro, não a si mesmo.

O conceito de alguns maridos é que amar a esposa é dar-lhe presentes. Os presentes podem expressar o amor e carinho, mas amar é muito mais do que isto! Creio que foi diante deste princípio que J. Blanchard declarou: “É mais fácil dar qualquer coisa que tenhamos do que dar-nos a nós mesmos.”

O amor também tem a ver com a atitude de respeitar, de tratar bem:

“Maridos, amai a vossas mulheres, e não as trateis asperamente”. (Colossenses 3.19 – TB)

Outra versão diz o seguinte: “Marido, ame a sua esposa e não seja grosseiro com ela” (Cl 3.19 – NTLH). O apóstolo Pedro ensinou sobre a atitude de consideração e honra que o marido deve ter para com a sua esposa:

“Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações”. (1 Pedro 3.7)

Quando leio a afirmação de Pedro acerca da mulher como parte mais frágil, recordo-me de uma advertência clara que minha esposa Kelly me deu quando estávamos para nos casar. Ela olhou bem nos meus olhos e disse: “Pense num vaso de porcelana chinesa. Imagine um vasinho bem frágil que você nem pode apertar muito”. Quando respondi que havia visualizado o tal vaso em minha mente, ela me disse: “Este vasinho delicado sou eu. É o que você está levando para casa ao casar-se comigo!”

É desnecessário dizer que, muitas vezes ao longo destes anos de casado, faltou-me esta consideração do vaso mais frágil. Às vezes numa discussão, outras na forma errada de falar e ainda outras pela minha insensibilidade às emoções de minha esposa. Não digo que nunca errei e nem que você não vai errar em relação a isto. Mas a questão é como lidamos com isto quando erramos. Precisamos nos arrepender diante de Deus quando não amamos a esposa assim como Cristo amou a Igreja. Também precisamos nos arrepender com nossas esposas reconhecendo que falhamos e pedindo perdão a elas. E então orarmos e nos policiarmos para não viver sempre tropeçando na mesma área, pois é preciso crescer e se deixar ser transformado pela ação do Espírito Santo.

Amar a esposa é importar-se com ela (e com o que é importante para ela). Elie Wiesel afirmou que “o oposto do amor não é o ódio, e sim a indiferença”. Fico abismado com a atitude de muitos maridos com quem já conversei e aconselhei; muitos deles acham que estão amando suas esposas pelo simples fato de não as odiarem ou não se incomodarem de viver junto com elas. É um absurdo, mas infelizmente é verdade!

Precisamos crescer nesta área. E meditar na definição bíblica do amor que devemos manifestar uns pelos outros:

“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1 Coríntios 13.4-7 – NVI)

O HOMEM DEVE SER AMANTE DE SUA ESPOSA

Quero fazer uma distinção entre o dever do homem de amar sua mulher (o que envolve o carinho, apreço, dedicação, cuidado e valorização) e de ser amante de sua mulher (o que conota a expressão física do amor, da intimidade e vida sexual do casal). Aliás, o versículo bíblico que usamos como base deste ensino sobre os deveres tem uma aplicação dirigida à vida sexual do casal:

“O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também, semelhantemente, a esposa, ao seu marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher”. (1 Coríntios 7.3,4)

Uma verdade a ser destacada é que o prazer da esposa no ato sexual depende da decisão, sensibilidade e dedicação do marido. Diz o ditado antigo que, em matéria de prontidão sexual, o homem é como um fogão à gás (com acendedor automático e estoque ilimitado de gás) e a mulher é como um fogão à lenha. O casal australiano Alan e Bárbara Pease (autores do livro “Porque os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor” – Editora Sextante) afirmam o hipotálamo (região neurológica ligada ao apetite sexual) do homem chega, em alguns casos, a ser dez vezes mais desenvolvido que o da mulher.

Esta diferença de facilidade ou prontidão em se desfrutar a plenitude do momento de intimidade física do casal, que é o orgasmo, é um problema antigo, que começou lá no jardim do Éden:

“E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará.” (Gênesis 3.16)

Depois do pecado, da queda do homem, algumas consequências vieram em juízos liberados por Deus. Entre eles, o Senhor afirma que agora a mulher teria seu sofrimento aumentado na gravidez e na hora de dar à luz seus filhos; mas o Criador também afirmou: “seu desejo será para teu marido, e ele te governará”. De que tipo de desejo você acha que Deus está falando aqui? De acordo com a Concordância de Strong, a palavra hebraica traduzida neste versículo como “desejo”, é “t ̂eshuwqah”, que significa: “desejo, anseio, avidez (de homem por mulher; de mulher por homem; de animal selvagem para devorar)”. Não estamos falando de nenhum outro tipo de desejo, senão do sexual. Mas Deus declarou à mulher: “seu desejo será para teu marido, e ele te governará”.

De que governo está sendo falado aqui? Lembre-se que esta é uma palavra de maldição, de juízo, onde as coisas ficaram piores do que deveriam; e não podemos ignorar o fato de que o Senhor já havia criado o homem primeiro para governar e ser o cabeça do lar. Logo, esta expressão “ele te governará” (gosto da versão que diz “dominará”) não se refere ao governo do lar, mas significa que o desejo da mulher dependeria do homem para ser ou não satisfeito.

Penso que foi neste momento que esta diferença de apetite (e prontidão) sexual ficou estabelecida. Deus estava dizendo à mulher que, na questão do seu desejo sexual, a decisão dela desfrutar isto ou não dependeria da escolha, da decisão do seu marido. Ao longo da existência humana, muitos maridos (senão à maioria) negaram – às vezes até por ignorância – o prazer às suas esposas.

Os maridos devem saber trabalhar esta questão. Muitas vezes não semeiam nada durante todo o dia e depois querem a colheita antes de irem dormir. Aprendi quando ainda recém-casado que o casamento é algo parecido com um banco; para “sacar” você primeiro tem que “depositar”. Paparicar sua esposa com elogios, atenção, palavras carinhosas, gentilezas (que é a forma das mulheres de receberem amor) poderá ajudá-lo muito a conquistar a inspiração de sua esposa para um excelente momento de sexo (que é a forma do homem de receber amor). Lembre-se que antes do clímax, vem o clima!

O HOMEM DEVE SER O PROVEDOR DE SUA ESPOSA

Outro dever importante dos maridos está relacionado ao quesito provisão. O homem deve ser o provedor das necessidades da mulher (e de toda a sua casa):

“Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja; porque somos membros do seu corpo”. (Efésios 5.28-30)

Ao falar de alimentar e cuidar da esposa, o apóstolo Paulo não está falando que o homem tenha que cozinhar ou dar a comida na boca de sua esposa. Fala do seu papel de trazer ao lar a provisão como uma expressão de seu cuidado por ela.

A mulher, quando ainda solteira, tinha na pessoa de seu pai, o provedor. No entanto, quando um casal contrai a aliança nupcial, estão (os dois) deixando pai e mãe para unir-se e tornarem-se uma só carne (Gn 2.24). Salvo raríssimas exceções, em situações realmente imprevistas e temporárias, nenhum casal deveria depender financeiramente dos pais. É necessário que haja autonomia!

O cordão umbilical deve ser cortado na questão material e financeira (além da questão do governo do lar). Portanto, mesmo antes de casar-se, o homem já deve ser responsável e ter condições de oferecer suprimento ao lar. Veja o que o livro dos conselhos da sabedoria – Provérbios – diz acerca disto (em duas diferentes versões):

“Cuida dos teus negócios lá fora, apronta a lavoura no campo e, depois, edifica a tua casa”. (Provérbios 24.27)

“Não construa a sua casa, nem forme o seu lar até que as suas plantações estejam prontas e você esteja certo de que pode ganhar a vida”. (Provérbios 24.27 – NTLH)

A omissão (deliberada) do cuidado natural de provisão para com a família é um pecado muito grave:

“Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente”. (1 Timóteo 5.8)

Quando Paulo fala de cuidado, o contexto é justamente o cuidado material. Qualquer pessoa tem obrigação de cuidado para com seus familiares, mas a posição do homem como provedor o coloca numa condição de maior responsabilidade. Isto não quer dizer que ele tenha a obrigação de atender todos os caprichos da esposa ou dos filhos, nem que tenha que ser rico, mas suprir o essencial.

Há muitas situações em que a mulher também trabalha fora e coopera com a sustento. Não creio que isto seja errado desde que o cuidado e criação dos filhos não seja comprometido (o que, infelizmente, não tem acontecido com muitos casais que trabalham fora). Também não vejo problema no fato da esposa, que também trabalha fora, ganhar mais que o marido pois, se por um lado ele tem a responsabilidade de suprir a casa, por outro lado nada o impede de ser ajudado. Errado é trocar papéis – coisa que está acontecendo cada vez mais ultimamente – e o homem ficar em casa enquanto a mulher traz o sustento. Embora eu acredite que se é correto a mulher ajudar o marido a trazer o sustento do lar, também é correto que o marido a ajude com os filhos e as tarefas da casa. Porém, um acordo de cooperação mútua não deve levar o casal a trocar suas responsabilidades e deveres.

O HOMEM DEVE SER O PROTETOR DE SUA ESPOSA

Mencionei antes que, quando Deus criou o homem e o estabeleceu no Éden, deu-lhe duas funções: lavrar e guardar o jardim.

“Tomou, pois, o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Édem para o lavrar e guardar.” (Gênesis 2.15)

Portanto, concluímos que, mesmo antes de criar a mulher e instituir a família, o Criador definiu o papel do homem como provedor do lar (quem lavra o jardim para dele extrair o sustento) e protetor de sua família (quem guarda de qualquer ameaça o jardim).

Agora vamos pensar em que tipo de proteção o Senhor tinha em mente quando deu esta ordem a Adão. Quem mais havia no jardim? Ninguém! Nem mesmo Eva ainda havia sido criada e o homem está literalmente sozinho no Éden. É evidente, portanto, que Adão deveria proteger sua esposa do ataque maligno de Satanás (chamado pelas Escrituras de a “antiga serpente” – Ap 12.9).

Quando se fala de proteção, muitos machões pensam só no aspecto físico desta responsabilidade e já se imaginam dando uma surra em quem “mexer” com sua mulher. Mas o dever do marido de proteger sua esposa (e filhos) começa pela responsabilidade de exercer devidamente seu papel de governo espiritual e estender cobertura de oração pela sua casa. Também envolve o papel de ensinar sua casa a andar na Palavra de Deus e, assim, protegê-los da influência do mundo e do pecado (Dt 6.7 e 1 Co 14.35). Além da proteção espiritual, penso que o homem ainda deva proteger sua esposa no âmbito emocional, sem excluir a proteção física. Agrada-me a idéia de ser o guarda-costas de minha esposa e estar disposto até mesmo a “levar bala por ela”.

Se temos que amar a esposa como Cristo amou a Igreja (Ef 5.25), cuidar da esposa como Cristo cuida da Igreja (Ef 5.29), então a lógica me leva a concluir que não há como ignorar o fato de que, se Jesus protege a Sua Igreja (Mt 16.18), devemos proteger nossas esposas!

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Autor: Luciano P. Subirá

 

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